EDIFÍCIO NIEMEYER

Estamos na Praça da Liberdade, região
centro-sul de Belo Horizonte, cercados de construções históricas, lindas e
importantes.

Mas o prédio que mais chama atenção aqui e que intriga quem passa por aqui é este: o edifício Niemeyer.

O edifício criado por Niemeyer

O arquiteto Oscar Niemeyer se inspirou
nas montanhas mineiras para fazer as curvas do edifício, que é um dos cartões
postais de BH.

Ele é o prédio mais alto da praça e o
único que é residencial.

Bom, essas ondas externas do edifício
todo mundo conhece. O que pouca gente já viu é como é que
ele é por dentro.

Eu fico me perguntando como será morar nesse prédio?

Será que as paredes são tortas?

Os andares parecem baixinhos né?!

E hoje a gente vai matar a minha curiosidade e a de muita gente!
Duas moradoras toparam receber a gente.

Vamos lá?! Olá, boa tarde!
Beleza? A gente veio falar com a Marinela.

Vou avisar a ela.

Obrigada.

Alô, fala com Marinela que a Maíra veio fazer gravação com ela.

Pode subir! Obrigada “Nó!” Que lindo, gente.

Tem uma ante-sala antes de a gente entrar no apartamento.

Oi, tudo bem? Prazer. Boa tarde.

Marinela Uxa, viemos matar a curiosidade de muita gente. Vamos lá! Vamos lá! Gente, apartamento é muito maluco!

A primeira coisa que eu já detectei é que,
lá de fora, a gente tem a impressão de que vocês devem rastejar aqui dentro.

É, as pessoas não conseguem entender, mas são três vigas, 3 brises. Há, a cada 3, é um apartamento.

Nossa, é lindo! O pé direito são três metros. São quantos andares? São dez andares
na realidade.

A Marinela é arquiteta e ela vai poder bater um papo profissional com a gente. Eu sou talvez hoje a primeira moradora aqui. A mais antiga? É, meu pai já morreu. Nós fomos o segundos a morar aqui. Isso em 1961.

Escolhe um lugar pra gente assentar que você ache bonito?

Vista privilegiada

Nossa é bonito demais! Olha a Praça da Liberdade vista de cima!! Gente, que coisa mais linda! Esse prédio aqui é importante porque
ele é tombado pelo patrimônio nos níveis municipal e federal.

Sim, foi tombado primeiro pelo municipal e depois foi pelo federal, quando eles tombaram a praça toda.

O Niemeyer teve um momento de sorte, ele teve um time muito bom. Ele não era muito
conhecido mas ele ficou muito amigo de Juscelino Kubischek.

Então, quando Juscelino foi o governo de Minas, ele trouxe o Niemeyer pra cá e ele fez
muitas obras em Belo Horizonte.

Eu considero o Niemeyer um artista. Ele faz escultura.

Esculturas gigantes né?!

É!

Você mora dentro de uma obra de arte?

Sim, de uma obra de arte.
Hoje ele é símbolo.

E aí ele virou o arquiteto das curvas e ele é um mestre nisso. Não é fácil! Nesse apartamento por
exemplo, não tem ângulo reto. Há é?

Em nenhum lugar, só nesse pedaço aqui que eu criei um pedaço de um metro e vinte de gesso. Eu tinha
um móvel, este armário de canto, que eu queria por.

E ele não cabia em lugar nenhum. Porque não tem ângulo reto, é tudo inclinado.

Os quartos são todos assim. qualquer encontro de paredes que a gente olhar é um ângulo aberto.

Este aqui, olha, tem mais de 45 graus. Não tem de 90 graus aqui! Ele era muito gênio né? Gente, é incrível.

De cada janelinha do apartamento a gente tem uma vista completamente diferente. E o legal é que a gente se vê de vários quartos da casa, de cada janela a gente
consegue ver uma parte do próprio apartamento e uma parte da cidade
completamente diferente!

Então você pode dar tchau para o seu
filho daqui da janela. Ali você já enxerga, isso é muito curioso! Os ladrilhos do prédio são do Athos Bulcão. Ele era muito amigo do Niemeyer, fizeram muitas obras juntos, principalmente em Brasília.

Ele é muito interessante, é geométrico, faz umas coisas muito bonitas. Você gosta de abrir sua casa? Eu abro.

Não que eu goste, mas mas eu acho que é respeito à obra. Mesmo que seja uma coisa
privada, que é minha, eu acho que eu devo dividir.

O desenho dele, a movimentação
dele, você tira retrato dele olhando pra cima, de qualquer lugar que você vá, ele
ele muda. É como se ele estivesse vivo. É isso!

À medida em que a gente vai andando ao redor do edifício, vamos descobrindo
vários ângulos diferentes, cada um mais incrível que o outro e
eles variam de acordo com o declive da rua e a posição da fachada.

Este aqui contra o céu, pra mim, é um dos mais lindos. Posso te pedir pra gente dar uma volta
então no apartamento? Pode!

Eu nunca vi uma sala redonda desse jeito na minha vida. Eu esqueço das curvas. Você vê que eu botei móveis retos. Nossa, a visita daqui, que linda! Estes objetos na janela a gente consegue
ver lá de fora.

E aqui é a parte íntima? É. Com licença,
estamos entrando no quarto dela. Que grande! Aqui tem duas partes.

É, esse é o quarto de casal. Gente, o mais legal é a janela que é baixa né.
Tem que tomar cuidado, o pessoal vê a perna, vê tudo aqui. Isso aqui é incrível.

Assentar na sua cama vendo a pessoas caminharem na Praça da Liberdade, olha isso!! Que loucura! Não precisa nem se levantar para estar na janela.

Você pode ficar lendo um livro deitada. Parece que você mora na praça também. Você observa da janela? Eu fico olhando.

Ela é muito frequentada por famílias, no domingo é bastante
cheia. Marinela, então muito obrigada! Obrigada a vocês.

Muita gente vai, tenho certeza, adorar ver seu apartamento por dentro. Vai fazer sucesso! Vamos ver!

Próxima moradora

Agora vamos na casa da próxima moradora, que é no segundo
andar.

Oiii! Oi, querida! Tudo bem, Márcia? Tudo ótimo. Sua mãe melhorou? com licença. Aqui são três torrões assim, 3 curvas.

Uma no meio grande e duas assim menores. são dois tipos de apartamento. O
apartamento pequeno ocupa os lados.

Tem uma frase do Niemeyer que entrou para a história e que resume bem os traços da obra dele:

Não é o ângulo reto que me
atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do
meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo. O
universo curvo de Einstein.”

Morar aqui eu acho uma dádiva de Deus.

Por que? Porque é bonito demais. Eu sou muito observadora da natureza.

Eu observo tudo que é natureza. Eu falo: meu Deus, eu vivo no meio dos coqueiros. É coqueiro de todo tipo, de toda altura!

A gente passa o dia aqui muito bem
sem luz elétrica. De tanta luz que vem de fora! São 16 janelas em cada cômodo.

O prédio é todo, os lados todos, não tem nenhuma parede fechada. Só é fechada a parte de baixo da
cozinha. Tem uma janela que é a predileta? Que tem a vista mais bonita? Olha, aqui eu acho que é igual. Todas!

Aqui você assiste a todos os desfiles, as
festas patrióticas e eu sou muito alegre. Eles cantam o hino nacional de lá, eu canto cá!

Eles cantam o hino da bandeira lá e eu aqui. É uma festa e eu vivo o morar aqui. A gente pode dar uma voltinha pra ver? Pode!

Há é aqui que é o jantar vendo os coqueiros? É. Gente, olha esse banheiro que fofura,
com o privilégio de ter uma árvore gigantesca bem na janela! E aqui tem um
pedacinho da Praça da Liberdade também.

Nós aqui temos um jardim florido, um jardim cuidado. É luxo demais! Aqui quando tem carnaval,ele é feito aqui. Então, daqui a gente vê tudo.

Você observa as pessoas tirando fotos do seu prédio? O dia inteiro. É? Todo dia? Eles pedem, batem na porta, com a licença do porteiro.

E eu vou
te contar muito reservadamente… São pouquíssimos os moradores que
consentem. Porque nem todo mundo quer mostrar como mora.

Miguel, tem gente que deve confundir com museu? Com certeza, gente do mundo inteiro vem aqui.

As montes! É o turista que passa e tira foto. SE você ficar ali em baixo no prédio, uns 15 minutos, vai ver o tanto de gente que passa e tira foto, que entra, que olha, que desenha.

Que fica deslumbrado com a arquitetura. Mas o mais importante é que as pessoas acham que
aqui é tudo assim né, uma coisa redonda.

Na hora que você vê de fora, é sim. Mas quando você vê daqui dentro, se você chega perto, vê que ele tem uma
pequena curva. Quase reto.

Essa é a grande essência do arquiteto Oscar Niemeyer. Ao projetar o prédio, ao fazer a construção, como ele conseguiu que de fora você tenha uma impressão e lá dentro você não tenha.

Você põe móveis retos, quadros retos. Ele não tem luxos, não tem piscina, não tem quadra, …

Você tem um terraço. Ai, nós podemos ir lá? Vamos levar vocês lá sim! Agora você vai chegar no paraíso! Que lindo! Olha o degrau! uauuu! Tem uma parte que é de um apartamento e esta aqui é para os outros moradores? É.

Quem quiser vir, faz parte do uso comum. Eu não consigo parar de tirar foto. Cada
lado que olho é mais lindo que o outro!

Eu nunca tinha visto a Praça
da Liberdade assim do alto, verde, linda! Que privilégio! Espero que vocês gostem!

É mais do que uma obra de arte. É um
conjunto de tudo ao redor. Tem a parte da arquitetura, a parte de Deus, a parte da natureza, uma praça maravilhosa!

Eu sempre quis entrar nesse prédio e tenho certeza que muita gente está realizado também. Obrigada! Vamos dar um tchau pra quem assistiu a gente? Pois não, tchau! tchau.

Agora podemos ir. Eu que agradeço a visita, Você é muito simpática. Você também.

E o apartamento está às ordens. Obrigada. Um beijo. Eu vou correr para vai pegar uo por do sol lá na Praça, no prédio.